terça-feira, 20 de novembro de 2007

Ambiente Virtual

A Rede Virtual de Computadores - (RVC) é a mola mestra que proveio das mais recentes tecnologias. Digo mais recentes, após a invenção do rádio, da televisão e do telefone. Durante os séculos XX e XXI houve uma revolução considerável nos sistemas de computadores onde foram diversificados diferentes tipos de programas criados para facilitar o dia a dia das pessoas. Empresas, Sites, Projetos que criaram territórios imaginários e reais e até Instituições de Ensino à distância, fazem parte hoje do que se chama Ambiente Virtual.
Por consequência da criação desse ambiente, houve também um desencadeamento social provocado pelo surgimento, por exemplo, de mecanismos gráficos como dispositivos de apresentação, instrumentos de controle e comunicação, além de sistemas novos de processamento e de banco de dados. Todos tiveram sua participação na geração de desempregos e isto porque a mão de obra assalariada foi substituída por máquinas.
Historicamente, as bases da nova tecnologia de Rede Virtual tiveram uma pequena participação já nos anos 60 de simuladores para orientar pilotos de avião através de aparelhos de vídeo-capacete ou HMD. Nos anos 80 o exército dos Estados Unidos juntamente com a NASA criaram sistemas novos para o surgimento de imagens interativas através de computadores. Ainda na década de 80, mais precisamente em 1984, foi criado o primeiro jogo de rede de ambiente virtual. Por outro lado, a indústria de entretenimento também produziu ambientes virtuais em rede, não necessariamente com tecnologias de ponta, mas independente de objetivos e propósitos de trabalharem com novas perspectivas. Em 1989, por exemplo, o departamento de Defesa Norte Americano lançou um Simnet usado para preparar as tropas norte-americanas para a Guerra do Golfo em 1991.
A NASA também teve um papel importante no processo de exploração do Ciberespaço onde nas suas redes de pesquisa acadêmicas e comerciais novas indústrias evoluíram.
Em 1994 dois cientistas, Mark e Tony criaram um protótipo de visualizador tridimensional, ou seja, a nova versão 2.0 VRML, uma linguagem standard que permitiam cenas ou mundos veiculados pela internet.
Para Singhal e Zyda (1999), um Ambiente Virtual pode ser distinguível por características comuns como senso partilhado de espaço, senso de presença partilhada, senso de partida de tempo, formas de comunicação e forma de partida. Em suma, os espaços virtuais imersivos também são provenientes de múltiplos ambientes como os facetários, os imaginários e os reais.
Outro exemplo de Ambiente Virtual interativo e multiusuário para a Web que explora de maneira poética a extensão geográfica em rupturas temporais e a solidão como reinvenção constante de pontos de encontro e partilha é o DESERTESEJO. Um mundo atraente de desejos e magias que mediante via rede proporciona um ambiente aberto para participações. Hoje podemos identificá-lo nos sites de bate-papo como orkut e MSN e nos correios eletrônicos gratuitos chamados, e-mails.
O Ambiente Virtual ainda pode ser identificado como um composto de paisagens e fragmentos de lembranças. Esses só podendo ser navegáveis em três rotas distintas que estruturam basicamente os espaços de navegação interativa como o Ouro (denominado zona do silêncio, onde o navegador é um solitário), o Viridis (onde o navegador tem o sinal da presença de outros navegadores) e o Plumas (que é uma zona de contatos e partilhas permitido em ambientes multiusuários).
O Ambiente Virtual está aberto sempre para participações onde todos se entrecruzam e se alternam, se encadeiam e se compoem em diversos percursos oníricos.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Reféns da Exploração sexual

Reféns da Exploração Sexual

A diretora do Programa de Assistência a Crianças e Adolescentes vítimas do tráfico para fins sexuais implementado pela organização Partners of the Américas, Leila Paiva, informou que a questão da violência sexual cometida por crianças e adolescentes tem extrema relevância nas esferas sociais, políticas e/ou jurídicas.
Os fatores que levam a agressão à sexualidade dos indivíduos estão basicamente relacionados às possíveis condutas constituídas de um histórico multufacetário que não dizem respeito somente à questão da sexualidade e sim do respeito aos direitos sexuais. Esses direitos enquanto direitos humanos dizem respeito ao direito do indivíduo desenvolver e exercitar de forma normal a sua sexualidade.
Em 2002 o tema “Tráfico de pessoas para fins sexuais” que é uma das modalidades de exploração sexual, ganha maior visibilidade quando uma Pesquisa Nacional sobre o Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes, inclui como objeto de pesquisa as próprias mulheres, crianças e adolescentes.
A boa notícia é que no Brasil, o tráfico de pessoas já começa a ser tratado como um tema de política pública e isso graças à aprovação do decreto Legislativo de 29 de maio de 2003 no Congresso Nacional contra o Crime Organizado, à Repressão e à Punição do Tráfico.
Não é de se negar que a questão da exploração sexual comercial e do tráfico para fins sexuais já se tornou uma prática intolerável. É preciso, portanto, entender as diferenças nas formas de agir relacionadas às redes criminosas e as conseqüências causadas às suas vítimas.
É importante entender as diferenças existentes entre abuso sexual, exploração sexual e tráfico de pessoas. Importante porque através da identificação desses delitos entendidos como crimes caracterizados e/ou identificados como sendo de atentado ao pudor, vai facilitar como código identificador no Código Penal Brasileiro, mesmo sabendo que não existe ainda um artigo específico que defina o crime de exploração sexual contra crianças e adolescente.
Leila Paiva identifica que outros crimes também revelam características de crime de tráfico de crianças e adolescentes, entre um deles está aquele relacionado á entrega de um filho menor a uma pessoa inidônea. É importante saber que a ação penal para crime de tráfico de pessoas é pública e incondicional, sendo a iniciativa do Ministério Público.

terça-feira, 4 de setembro de 2007


Os Inomináveis
A menina Kátia Borges, imersa nos escritos de Rainer Maria Rilke, confessou ontem que os textos do poeta lhe resgatam da dor, acenando com asas sobre o abismo.
Porém, antes que o apressadinho coloque a mão no coldre, aviso logo que não cometerei a heresia de estabelecer uma interlocução com a sensível e inteligente Kátia. Nécaras. Até minha falta de noção tem limites. Trago-a a esta ordinária budega ingresiástica somente por causa do seguinte título que ilustra um de seus posts : O animal sem nome.
Amigos, em verdade, vos digo: Não há destino mais cruel do que o do ser inominado. Reza a lenda, inclusive, que animais desta espécie morrem cedo. Por mais feio que seja, quando nada, nome ainda é destino. E mesmo os bichos mais xexelentos têm direito a um nome.
Os bichos xexelentos, sim. As pessoas, não. Pelo menos é isso que se observa nas manchetes de jornais. Sirlei Dias de Carvalho Pinto perdeu o direito até mesmo ao presente que recebeu na pia batismal. Depois de ser espancada, ela virou apenas doméstica.
Mas, há casos piores. Ela, ao menos, ainda é identificada com um trabalho, uma função. Já os que foram assassinados no Carandiru, por exemplo, são somente um número: 111. Ninguém se importa se ali existia um Jovemar, um Grimário, um Jesuíno ou mesmo um João.
Acontece que ainda não chegamos ao abismo, que parece não tem fim. Há casos ainda piores. Os massacrados no Morro do Alemão não tem direito nem mesmo a um número exato. O Globo diz que foram 19, o Estadão, 13, o Portal do Uol informa que morreram 18, enquanto o Terra chegou a garantir que eram 20.
A tragédia brasileira não respeita nem a matemática, que, no tempo de minha mudernagem, ainda era uma ciência exata.

Retrato falado do alcoolismo



“Concedei-nos Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar, coragem para modificar aquelas que podemos e sabedoria para distinguir umas das outras”. Essa oração é para Diógenes Dantas, 50 anos, presidente e coordenador da Sede dos Alcoólicos Anônimos, pertencente ao Grupo Liberdade Distr. III, o principal lema da casa.
Apesar de ser um dos colaboradores da sede, Diógenes afirma que é um alcoólatra, pois, para ele, não existe ex. dependente: “Para princípio de conversa, o alcoolismo é, já diagnosticado pelo Ministério da Saúde, uma doença e uma doença grave. Irreversível. Uma vez que, a substância do álcool, já instalada no organismo humano, principalmente na parte do cérebro, mesmo que o usuário já tenha parado de beber por três meses ou quinze anos, deixa no indivíduo uma herança de seqüelas catastróficas”, admite.
De estatura mediana, mais ou menos 1,68m de altura, pele negra, olhos levemente amarelados, vestindo roupa comum (calça jeans e camisa de botão), usando óculos, de olhar desconfiado e uma postura que, apesar de serena, gesticula ainda alguns sintomas da doença. Balançando compulsivamente as pernas, Diógenes afirma que teve uma infância tranqüila, mas, uma juventude difícil, embora tenha chegado a terminar o estudo fundamental.
Ao alcançar a maturidade, Diógenes Dantas revela ter iniciado o verdadeiro inferno da sua vida quando deu o 1º gole aos 10 anos. Já casado, pai de um filho, comerciante e proprietário de uma oficina mecânica de automóveis, afirma já ter perdido R$50.000 por causa do álcool: “Praticamente todo o dinheiro que ganhava na minha oficina, eu gastava na bebida e por conseqüência dela, adquiri um novo vício: gastava também no jogo. Descia a ladeira, esquina da rua em que morava no bairro da Pero Vaz, aqui mesmo na Liberdade e lá ia eu fazer as minhas besteiras, crente que estava abafando”, contou emocionado.
O sofrimento de Diógenes não parou por aí. Após ter praticamente perdido seu próprio negócio, perdeu também a sua família. “Já cheguei agredir a minha esposa, urinar dentro da geladeira, ver vultos e pior, no dia seguinte não lembrar de nada e ficar irritado quando me contavam o que eu fiz no dia anterior. Eu simplesmente, não acreditava”. Este homem, que um dia já foi dependente do álcool, embora não goste de ser considerado assim, revela que os sintomas dessa doença são cruéis: “É uma doença espiritual sem dúvida! A gente fica rebelde, agressivo, vira valente por qualquer motivo, têm surtos de demência, prepotência, intoxicação, alucinações alcoólicas... e por aí vai, sem falar nas seqüelas de caráter biológico que se instala nos órgãos, provocando cirrose hepática, nervosismo, impotência sexual e mental, olha, é terrível”, afirmou Diógenes.
O atual presidente e coordenador da Casa de Recuperação dos A.A., localizada no bairro da Liberdade, à Rua Lima e Silva, nº 250 num prédio branco sobre a loja Magazine Continental, não trabalha sozinho. “Tenho como companheiro, meu secretário Pedro Pereira, de 63 anos, que é um assistente social aposentado e de três em três meses nós revezamos com um outro grupo que desempenha o mesmo papel que a gente, é como se fosse um grupo substituto e essa mudança é necessária porque não podemos criar vínculos com os “pacientes” e porque também levar a coordenação direto, sem interrupção é extremamente cansativo tanto para a gente como para eles”, revelou.
Após ter decidido ingressar como colaborador da casa, Diógenes demonstrou uma preocupação em destacar durante a sua administração dentro da sede, aspectos que viessem levar o indivíduo a buscar a cura realmente. O seu objetivo era mostrar a possibilidade de recuperação através de reuniões anônimas direcionadas a pessoas que já se encontravam em estágios avançados da doença: “Eu resolvi seguir, juntamente com os propósitos da JUNAAB – Junta de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos do Brasil, que fica em São Paulo, propostas de reflexões diárias para um melhor entendimento do que venha a ser o objetivo do tratamento. Decidi destacar essas propostas como exemplo de mim mesmo, me baseando nas minhas próprias experiências enquanto lutava desesperadamente pela cura contra o vício”, conta.
Essas propostas, ditas por Diógenes, levaram ao coordenador, a admitir durante o período do seu tratamento, a convicção de que os Alcoólicos Anônimos tem como reflexão diária mostrar aos dependentes do álcool, os riscos que correm diante da sociedade em que vivem. Têm como objetivo proteger os dependentes de uma publicidade perversa, insensível e esmagadora: “A sua tarefa é conscientizar essas pessoas viciadas no álcool como eu fui, a esforçar-se em freqüentar as reuniões, praticando os 12 passos necessários ao admitirem que sejam portadores da doença, ter cuidado com a raiva e os ressentimentos, viver e deixar viver, ir com calma, mas ir, nunca esquecer de como e por que o levaram a procurar uma casa de recuperação, eliminar a auto piedade, abandonar os velhos hábitos e compartilhar de mãos dadas com o silêncio”.
Diógenes desabafou emocionado que não esperava chegar a onde chegou: “Considero-me um abençoado, pois, até palestrantes psicólogos, médicos, pedagogos e especialistas na área, vêm constantemente nos visitar, nos dando apoio e principalmente, nos fazendo acreditar na recuperação de uma dignidade que um dia, todos nós, dependentes químicos do álcool, pensávamos que tínhamos perdido”, concluiu. A sede dos alcoólicos anônimos do bairro da Liberdade é composta hoje, pelo Grupo Liberdade Distrito III que foi fundado em 24 de Agosto de 1979 e que realiza ininterruptamente há 27 anos, reuniões de segunda a sexta, das 19h30 às 21h30, aos sábados das 16h às 18h e aos domingos e feriados das 10h às 12h e que tem conquistado grandes temas nas reuniões, como os relacionados à literatura, à temática e a vivência.
Perfil do Presidente e Coordenador do A. A. (Alcoólicos Anônimos)